matámos a solidão que nos separava.
Chovia; e para cá dos vidros era a vida
que escorria, húmida, e nos tapava.
Outra noite, ouvi-te respirar
como se o teu sono me acolhesse:
maré que inundaria a baixa mar
até que o mundo desaparecesse.
Tantas noites, já, por nós repartidas
e tantas que ficaram por viver.
Conto esses dias, de tardes perdidas,
e ouço neles teu coração bater.
(Nuno Júdice)