PARA TI... DEVAGAR
Pediste-me um poema com pressa como se tivesses sido mordida pelo vazio das palavras que não tens. Nos teus olhos de pupilas rasgadas alimentas a verdade que se esvai quando despes o vestido negro por dentro do corpo… já a tua pele não ri ao toque prévio de outrora, já os teus seios se esqueceram da voracidade de outros lábios e o avesso do corpo ferve, ferve… numa submersa tempestade. Agora, a insónia dorme contigo no aconchego do tempo que se foi, há ausência do cheiro a amor feito, há vinho bebido num só copo. Pediste-me um poema com pressa porque as pétalas das rosas estão a mudar de cor, porque o teu sangue tem raízes impregnadas de sonhos, mas, na ausência do poema, deixo-te todas as palavras que trago presas nas mãos.
(Francisco Valverde Arsénio)
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Francisco Valverde Arsénio