PERMITO-TE PASSEARES PELO QUE ESCREVO…
Cala nos teus lábios o meu nome, ele não é uma partícula na confluência de um todo nem um exíguo fragmento de um espaço vazio enredado em teias de medos. Cala os teus olhos nos meus olhos como se fossem uma metamorfose de vida, uma noite completa, um crepúsculo desalinhado, um raio no céu do Olimpo. Não te percas num nada que nunca foi nosso, num poema em “contenção” ditado na cumplicidade de um heterónimo numa noite que nunca conheceu o dia. Há olhares que não falam mas são tão reais como o eco de um grito e há lágrimas que são cristais de sal em forma de diamante. Cala os teus dedos na minha pele, sou a flor da urze que canta num gemido faminto, sou o lençol imaculado que te espera, a gota de água vadia que percorre a folha que irrompe silenciosamente do caule. Estamos no tempo do regresso dos tentilhões às árvores do jardim porque os pássaros fazem cantar as flores e os ulmeiros.
Cala… chamando-me.
(Francisco Valverde Arsénio)
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Francisco Valverde Arsénio