Tocaste na minha mão suavemente enquanto o vento me fazia arrepiar. Quis-te ali no canto da minha boca, no beijo que tardava, no leve suspiro que se desenhava no teu rosto. Queria-te mais que tudo na orla das paredes que nos cobria dos olhares, fiquei com os teus olhos nas minhas mãos - tique tão característico dos amantes - e uma lágrima marinha que saiu dos teus olhos salpicou-me de odores salgados. Guardo o teu sorriso e a gargalhada que rompeu o silêncio e se reflectiu em mil pedaços, as tuas pernas foram água na avidez de te tornares universo, foste mar para lá do mar, pétala que não tocou no chão, exaspero do teu corpo, do meu corpo e a pressa dum dia tão lento. Converti-me à tua sede saciando-me da pele que te vestia e contemplei-te como se estivesses encerrada num retrato. Obrigado pelo tempo que fez parar o tempo.
(Francisco Valverde Arsénio)