Queria dormir, sonhar… sonhar com amoras silvestres e algodão doce, com o primeiro beijo e o último “não”, com risos e sorrisos, com fracassos e vitórias, com redacções e ditados que fazia na segunda classe.
Queria sonhar na lucidez do poeta, sim, do poeta, não do que escreve palavras avulsas mas daquele que nos transporta soltos no brinquedo de madeira comprado numa feira qualquer no mês de Agosto.
Queria pintar nuvens numa tarde de céu limpo e agarrar as ondas que se perdem nas areias da praia.
Queria neste momento que o sono se instalasse nos meus olhos para que as memórias não amarelecessem em mim.
(Francisco Valverde Arsénio)