Caminho por onde os passos se sentem hesitantes, onde a escuridão se espalha à medida da intensidade do existir, onde os barcos ficam em terra por falta de vento,
caminho ao som de uma guitarra que toca
nocturnidades.
É por isso que não uso o tempo nem leitores de tempo, é por isso que as árvores têm tronco, ramos e folhas, é por isso que os pássaros não têm nome tal como as pessoas que vagueiam, é por isso que a poesia é azul, para se confundir com o mar
e com o céu, é por isso que o outono se esconde nas flores.
Ainda tens a beleza fascinante das garças e o sorriso de nascente que te rasga os lábios, ainda tens aquela auréola que penetra na noite taciturna.
O teu rosto ainda está pincelado com a cor dos meus dedos.
(Francisco Valverde Arsénio)