As estrelas brilham muito mais quando os amantes se trajam de negro como a noite ou o céu se esconde no mar.
Nesta luz pardacenta quero vestir os meus versos com outras palavras, sem risos pendurados em bocas silenciosas ou abraços que partem ao encontro do nada.
Quero escrever na pele, desenhar as rotas de todos os portos e pedir às ondas que rebentem em melodias de espuma.
Quero que os meus olhos murmurem músicas de Outono porque há sempre uma canção que fala de amor e há folhas caídas de tons quentes debaixo das árvores.
Em nós, os corpos já foram conquistados, os sonhos já não espreitam pelos vidros da janela nem as mãos largam pássaros.
Em nós, as estrelas fixaram-se numa hora em que o tempo não passa.
(Francisco Valverde Arsénio)