" As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas". (Fernando Pessoa)

ATÉ DEPOIS

Preciso de tempo. Preciso de espaço. Preciso de mim. Não posso sufocar na minha própria estagnação. Não posso acomodar-me no facilitismo do déjà vu. Não quero adormecer nos ecos de palavras ditas, escritas, revisitadas. Devo abrir as portas a novas transgressões. A um outro gostar. A um estar após a catarse de ser. A complexidade é o antónimo do tédio. E os labirintos que conheço já não me atraem, já nada me dizem. Quebrar as correntes que me cerceiam, fazer girar a chave no ferrolho que enclausura as vontades que me provocam, ouvi-las e libertá-las. Deixar marcas de passos que ainda não dei em terreno desconhecido sem temer o «e depois?» Depois… está tão longe e no entanto sinto-o tão perto… sem hesitações, é para lá que vou!

(Rita Pais)