Ofereço-te uma taça de vinho servido à temperatura do meu corpo para que o sorvas e lhe degustes o sabor no silêncio do cristal translúcido. No banquete enfeitado de bálsamos, devolve-me o sentir leve dos teus lábios na minha pele em quentura extasiante de aromas. Façamos um brinde de travo doce com este líquido inventado pelo acaso antes de haver contagem progressiva do tempo. Deixa cair uma gota no meu peito. Inventa inocentemente um gesto e embriaga-te de mim, deixa-te envolver, entrega-te da mesma forma com que ergo a taça, deixa vir de dentro, do mais profundo de ti, a sensualidade que te veste. Sente a textura de seda, presa mas não submissa a este néctar nas papilas gustativas. Ofereço-te uma taça de vinho em troca das sete cores do arco-íris que pintam o teu sorriso.
(Francisco Valverde Arsénio)