" As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas". (Fernando Pessoa)

Há um silêncio inquieto na estrada por onde caminho. Daqui não se consegue ouvir o que diz o negro da noite nem o som dos passos que ficaram para trás. Será que toda a água do mar me espera? Vou seguir aquela estrela maior, a que pintou a lua de prata e corre atrás do tempo. Há silêncio em todas as esquinas e invade-me o medo de não te voltar a ver, cada passo é uma dúvida na resolução do tempo breve entre dois segmentos de recta, não tenho a certeza que ganho asas no início do horizonte. E se o horizonte estiver fechado ou me enganar no caminho? E se o teu corpo não quiser mais se fechar no arco dos meus braços? O tempo é um hábito que envelhece a cada gesto, a cada sonho guardado na memória. Olho as mãos e não encontro as tuas e a estrela maior ilumina o caminho que já percorri convidando-me a reflectir…

(Francisco Valverde Arsénio)